A montra
O meu local de trabalho tem uma peculiaridade: a montra da empresa é espelhada. Ou seja, quem está na rua não vê nada lá para dentro, quem está lá dentro vê tudo o que se passa do lado de fora!O mais engraçado é que a maioria das pessoas não se inibe de fazer as mais variadas figuras, sem se lembrar que pode estar alguém do lado de lá da montra...
Ora, então, surgem as cenas mais hilariantes, disparatadas e até nojentas...
As crianças a fazerem caretas em frente ao espelho, os adolescentes em grupo a olharem de esguelha para não serem vistos a tocar à campainha desatando a correr; as meninas a produzirem-se, desde a maquilhagem aos cabelinhos arranjados ao pormenor, passando pela roupinha (mais ou menos bonita) bem aconchegada ao corpo. Os homens a fazerem a limpeza dentária, os que têm pouco cabelo a teimarem em penteá-lo, treinos intensivos de técnicas de sedução em frente à montra, etc, etc. É claro que isto dá sempre para nos divertirmos bastante :)
No outro dia apareceu um que lá achou que a camisa não estava bem arranjada: ora toca a baixar as calças no meio da rua (que isto aqui é escondidinho e ninguém vê...) e cuecas à mostra enquanto empurrava com vigor a camisa para dentro das calças.
E estas cenas são diárias... já estamos habituados!
Hoje aconteceu a pior de todas. O cuequeiro (homem das cuecas) voltou a aparecer... e hoje não vinha bem: um mal estar, uma dor de barriga, uma aflição (dele e depois nossa) e toca de baixar as calças e cuecas e aliviar-se em frente à montra! A desgraça, o horror, (o homem não comeu coisa boa)...
Resultado: gente enojada, gente curiosa. Eu fui analisar o serviço através do vidro e conclui que um trabalho daqueles merecia ser divulgado: fiz visitas guiadas ao local do crime aos colegas mais curiosos (atrás da montra, claro!!!)
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